Phasmides Daniel Steegmann Mangrané

Apresentação

Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar Phasmides, a segunda exposição individual do artista catalão Daniel Steegmann Mangrané na galeria. Sua nova série de trabalhos explora as ideias de desenho, abstração, geometria, corporalidade, e imaterialidade. No cerne da exposição está Phasmides, um filme em 16mm que acompanha uma família de bichos-pau camuflados em cenários geométricos e orgânicos. Em uma série de tomadas altamente abstratas, onde as silhuetas dos insetos aparecem e desaparecem, Steegmann Mangrané sugere a instabilidade e a fragilidade da imagem cinematográfica. Ao longo do filme, formas geométricas se tornam orgânicas e formas orgânicas revelam sua geometria, os corpos vivos parecem inanimados e o inanimado lateja com vida.

Um pequeno grupo de hologramas e pinturas expostos no espaço principal continua a exploração dessas ideias. Tal inusitada integração de elementos é surpreendentemente suave, onde galhos e insetos se misturam perfeitamente em composições geométricas, investigando uma relação entre abstração e natureza. A figura recorrente do bicho-pau evoca a possibilidade de integração de um organismo com o seu ambiente; tal integração não é só perfeitamente expressa na anatomia dos fasmatídeos, mas também no seu comportamento.

O processo evolutivo pelo qual os animais se camuflam é chamado de cripsis, do grego krypticos que significa oculto, mas se refere especificamente àquilo escondido à vista de todos. Em seu ensaio Mimetismo e psicastenia lendária, o filósofo Roger Caillois sugere que ao contrário da crença popular, os animais se misturam aos seus ambientes não para se proteger, mas sim por um desejo mitológico de se dissolverem no mundo. Linguagem, forma, movimento são pois estratégias para conseguir se desfazer no entorno?

Ao reunir os fasmatídeos e a composição abstrata, Steegmann Mangrané estetiza a função biológica e naturaliza a arte. Em Phasmides um agente quase invisível revela pontos de contato entre sistemas orgânicos e estéticos. Quando essas criaturas estão escondidas de nós, só podemos imaginar que é por causa de um desejo secreto de se unificarem com a obra de arte. Quando essas criaturas se revelam, liberam a magia da visibilidade e abrem nossa visão para a força geradora da própria vida, esmagando as distinções entre a natureza e a arte. Relembrando a uma frase de Paul Klee, esse abstracionista tão próximo do coração da natureza, A arte não reproduz o visível. Ela o torna visível. 


– Matthew Wood

Obras
Vistas da exposição